As mãos são a nossa principal ferramenta, pois são elas as executoras das nossas atividades. A medida que tocamos nos objetos e nos pacientes entramos em contato com uma enorme quantidade de microorganismos. Estes germes aderidos nas nossas maos são repassados para outros objetos e pacientes, assim como podemos transferí-los para outras partes do nosso corpo, como os olhos e nariz ao nos coçarmos. Somente a lavagem das mãos com água e sabão irá remover estes germes adquiridos e evitar a transferência de microorganismos para outras superfícies. Para aprofundar os conhecimentos vamos ver como é formada a microbiota da nossa pele.
MICROBIOLOGIA DA PELE
  • Flora residente
Formada por microorganismos que vivem (colonizam) na pele. Nas mãos, estes germes localizam-se em maior quantidade em torno e sob as unhas e entre os dedos. Também são encontradas nas camadas externas da pele, fendas e folículos pilosos. Por isso, a importância de mantermos as unhas curtas e evitar o uso de anéis. Os microorganismos da flora residente não são facilmente removíveis, entretanto são inativados por assépticos (álcool, clorexidina, iodóforos). As bactérias mais comumente encontradas são as Gram-positivas (Sataphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Estreptococos sp ). A flora residente é de baixa virulência e raramente causa infecção, contudo pode ocasionar infecções sistêmicas em pacientes imunodeprimidos e após procedimentos invasivos.
  • Flora transitória
É adquirida no contato com pacientes e superfícies contaminadas. Os microorganismos que a compõe permanecem na pele por um certo período podendo ser transferidos ou eliminados com a lavagem das mãos. Suas bactérias são mais fáceis de serem removidas, pois se encontram na superfície da pele, junto à gorduras e sujidades. Esta flora bacteriana é eliminada com água e sabão neutro. A flora transitória das mãos é composta pelos microorganismos frequentemente responsáveis pelas infecções hospitalares: as bactérias Gram-negativas (Pseudomonas sp, Acinetobacter sp, Klebsiella sp ), o que bem demonstra a importância das mãos como veículo de transmissão.
INDICAÇÕES DA LAVAGEM DAS MÃOS
Existe uma gama enorme de momentos, durante nosso trabalho, que a lavagem das mãos está indicada. Mesmo que, durante os procedimentos, as luvas sejam utilizadas, após a retirada das luvas as mãos devem ser lavadas. A luva irá nos proteger de uma contaminação grosseira de matéria orgânica, porém a microporosidade da luva, a sua fragilidade que ocasiona furos e a possível contaminação na sua retirada, indica que ocorreu contato de microorganismos na pelo de nossas mãos. Sendo assim, mesmo com o uso de luvas, as mãos devem ser lavadas ápós sua retirada. Vamos as indicações dos momentos em que as mãos são lavadas:
  • após tocar fluídos, secreções e itens contaminados;
  • após a retirada das luvas;
  • antes de procedimentos no paciente;
  • entre contatos com pacientes;
  • entre procedimentos num mesmo paciente;
  • antes e depois de atos fisiológicos;
  • antes do preparo de soros e medicações;
Para a realização da lavagem das mãos necessitamos das seguintes instalações físicas:
  • pia;
  • saboneteira suspensa e vazada para sabonete em barra ou dispensador de sabonete líquido> no caso de dispensador, se não for descartável, estabeleça uma rotina de limpeza semanal;
  • toalheiro com toalhas de papel;
  • torneira com fechamento automático, preferivelmente;
Ao lavarmos as mãos estabelecemos uma sequência de esfregação das partes da mão com maior concentração bacteriana que são: as pontas dos dedos, meio dos dedos e polegares. Vejamos a técnica da lavagem das mãos:
  • posicionar-se se encostar na pia;
  • abrir a torneira;
  • passar o sabão (líquido ou barra) na mão;
  • friccionar as mãos dando atenção às unhas, meio dos dedos, polegar, palmas e dorso das mãos ( tempo aproximado de 15 segundos);
  • enxaguar as mãos deixando a torneira aberta;
  • enxugar as mãos com papel toalha;
  • fechar a torneira com a mão protegida com papel toalha, caso não tenha fechamento automático.
É importante lembrar que para melhor remoção da flora microbiana as mãos devem estar sem anéis e com as unhas curtas, caso contrário, uma carga microbiana ficará retida nestes locais sendo passíveis de proliferação e transmissão. Na lavagem rotineira das mãos o uso de sabão neutro é o suficiente para a remoção da sujeira, da flora transitória e parte da flora residente. O uso de sabões com antissépticos devem ficar restritos a locais com pacientes de alto risco e no desenvolvimentp de procedimentos cirúrgicos e invasivos ou em situações de surto de infecção hospitalar.

Fonte:  Manual de biossegurança para serviços de saúde. / Carla. Maria Oppermann, Lia Capsi Pires. — Porto Alegre : PMPA/SMS/CGVS, 2003. 80p.

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