Qual a importância das pesquisas científicas na segurança do trabalho?
Entre as atividades atuais de pesquisas desenvolvidas na área de segurança do trabalho destacam-se os estudos de riscos pelo contato do trabalhador com produtos químicos, cuja periculosidade no manejo, às vezes, não são totalmente especificados pelos fabricantes, e/ou suas consequências nem sempre de total conhecimento das pessoas ligadas à área industrial, o que aumenta a possibilidade de surgimento de doenças ocupacionais.
Entre esses estudos, destacam-se as análises de risco dos “Isocianatos”, que estão presentes nas colas de poliuretano.
Dessas pesquisas resultam-se sugestões práticas na captação de dados técnicos da substância química “isocianato” e para a sua adequação ao ambiente de trabalho que, por conseguinte, promove a orientação e a proteção do trabalhador.
Qual a aplicação comercial do poliuretano (PUE)?
O poliuretano (PUE) é uma matéria prima de características incríveis. Portando, devido a suas qualidades excepcionais, ele é empregado em diversos produtos que são encontrados em nosso dia-a-dia.  É um produto sólido, com textura de espuma e aparência entre a cortiça e o poliestireno expandido - "isopor". É obtido a partir da reação química que ocorre quase que instantaneamente entre dois compostos químicos líquidos. Um dos compostos químicos é um ativador da reação (conhecido por MDI) e o outro é um composto químico conhecido como Poliol.
As possibilidades de aplicação do poliuretano são inúmeras: blocos de espuma (ex. para colchões), espuma para embalagens, pinturas, assim como para colas que estão presentes nas encadernações de livros e em muitos outros produtos industrializados, como: verniz, pneus, mobílias, assentos de automóveis, preservativos, calçados, peças técnicas, etc.
Os produtos do poliuretano têm muitas aplicações. Mais de três quartos do consumo global de poliuretano são na forma de espumas, com os tipos flexível e rígido, grosseiramente iguais quanto ao tamanho de mercado. Em ambos os casos, a espuma está geralmente escondida por trás de outros materiais: as espumas rígidas estão dentro das paredes metálicas ou plásticas da maioria dos refrigeradores e freezers, ou atrás de paredes de alvenaria, caso sejam usadas como isolação térmica na construção civil; as espumas flexíveis, dentro do estofamento dos móveis domésticos. Pode ainda ser usado pela forte aderência inicial e grande poder adesivo, além de fixação elástica à prova de choques e vibrações, além de ser pintável. Outras aplicações são:
  • Selagem-adesivo para a colagem elástica e fixação, painéis e portas com calhas;
  • Selagem de juntas expostas a agentes químicos em pisos transitáveis.  
Fotos ilustrativas - Aplicações de Poliuretano
Telhas isotérmicas tipo sanduíche, com miolo estrutural de espuma rígida de poliuretano.
 Revestimento de tanque de navio com espuma rígida de poliuretano ecológico.
Balcão frigorífico aplicado com alto poder de isolamento térmico.
Como os “isocianatos” podem representar perigo à saúde do trabalhador?
Os Isocianatos representam um perigo à saúde do trabalhador também no manuseio de pequenas concentrações. Enquanto os produtos industrializados de poliuretano são inofensivos aos usuários (consumidores), eles podem representar um grande perigo para os trabalhadores durante o processo de fabricação dos produtos inacabados.
A origem desse perigo está nos “isocianatos” livres, existentes nos produtos inacabados de PUE, especialmente no processo de fabricação de colas quentes, espumas ou resinas. Assim como no verniz em spray, os “isocianatos” na forma de vapor ou aerossol podem poluir o ar no local de trabalho.         
Que tipo de doença pode causar o isocianato?
Os “isocianatos” podem provocar doenças e lesões de origem alérgica nas vias respiratórias. Na Alemanha, por exemplo, anualmente os sindicatos vêm noticiando vários novos casos. O grande problema dos isocianatos é porque quase não apresentam cheiro e podem ser perigosos mesmo em baixíssimas concentrações. Assim, o valor limite de tolerância para o isocianato (Ref.: 4,4’-MDI) é de 0,005 ml/m3  o que representa 10.000 vezes a mais que o valor de referência da conhecida solução “toluol”.      
Como avaliar os parâmetros referenciais de risco de contaminação por Isocianatos no local de trabalho?
Na Europa, desde 2006, vem sendo desenvolvido e acompanhado um projeto sobre: “Análises de riscos de isocianatos sobre a saúde nos locais de trabalho em processos de fabricação de colas reativas de poliuretano”, realizadas pelo Instituto Fraunhofer (IFAM), da Alemanha.
Em uma primeira etapa foram levantados dados analíticos de isocianatos através de métodos laboratoriais, onde foram analisados diversos aspectos de amostras como a duração da prova e o volume necessário da corrente elétrica nas bombas de teste.
Os Isocianatos não podem ser analisados diretamente, devendo ser primeiramente convertidos em uma ligação química estável – denominados “derivados”. A partir daí, foram testados vários reagentes de derivados.
Devido aos altos custos e ao grau de complexidade desses métodos de medição, também foram realizados testes mais simples e de custos mais baixos, como possível alternativa prática, através de uma leitura direta dos valores medidos.
Em uma segunda etapa, foram sistematicamente analisados fatores que influenciam na emissão de isocianatos no ambiente de trabalho. Aqui foram efetuados vários testes e em diversos ambientes da indústria, em especial onde havia contato direto do trabalhador com a cola (PUE).
Como devem ser determinados os valores de risco de contaminação por isocianatos no local de trabalho?
As pesquisas elaboradas ajudaram à indústria a aprimorar substancialmente os conhecimentos sobre a coleta e processamento de dados ao medir os parâmetros referentes à emissão de isocianatos no local de trabalho.Para a medição (coleta) de valores na emissão de isocianatos, ficou estabelecido que:                
  • O tempo de coleta de dados exerce grande influência sobre o resultado final da prova. Em medições curtas surgem grandes variações dos valores finais. Portanto, o tempo de medição deve ser de no mínimo 15 minutos. No caso de medição de emissões breves (esporádicas), eventualmente devem ser efetuadas várias medições sucessivas.   
  • Os métodos de medição direta, com cartões coloridos ou por impressão, não podem ser empregados para avaliação de riscos em ambiente de trabalho com possível emissão de isocianato (MDI), o que é igualmente obtido por testes de laboratório.
O que pode influenciar na contaminação por isocianato no local de trabalho?
Segundo pesquisa, com relação à emissão de isocianatos no ambiente de trabalho, foi constatado o seguinte:
  • Ao passar a cola, o tamanho da superfície coberta por ela é fundamental para a intensidade da emissão de isocianato. 
  • O uso de cola de monômeros reduzidos (monômero é uma pequena molécula) com MDI livre (menor que 0,1%) reduz as emissões, o que foi constatado na prática em medições na indústria, que pode ligar-se a outros monômeros formando moléculas maiores denominadas polímeros.
  • O jato de cola (percentual entre 0,1 a 4% de MDI livre) com alta pressão de ar pode ser compensado através da técnica de aplicação de baixa pressão, através de uma sucção eficaz ou de temperaturas mais baixas de aplicação (abaixo de 100°C).  
  • A concentração de isocianato diminui rapidamente com o distanciamento da fonte emissora, o que foi constatado pelas medições, mas podendo surgir complicações maiores nos ambientes com pé-direito baixo e de ventilação inadequada: a emissão de gás, originada dos recipientes de cola ou de suas superfícies aplicadas com cola quente, tem a tendência de evaporar e se expandir no teto.  
Como proteger o trabalhador dos efeitos nocivos dos isocianatos?
Na área de pulverização, a aceitação de sistemas de proteção respiratória por parte dos trabalhadores depende essencialmente do conforto do uso de um aparelho. Os perigos de inalação por isocianatos, que prejudicam todo o organismo, são subestimados pelos usuários devido ao erro de avaliação de que somente após muitos anos os prejuízos à saúde tornam-se evidentes, levando então a doenças graves.
Além disso, os sindicatos trabalhistas indicam o uso e a necessidade da utilização de sistemas de proteção respiratória previstos nas especificações das normas NR-9, NR-15 e a NR-25sobreosresíduos gasosos que devem ser eliminados dos locais de trabalho.
Na prática é importantíssimo que os aparelhos previstos em lei correspondam exatamente às normas e que sejam avaliados nos locais de teste correspondentes, pois somente a proteção respiratória adequada é também uma eficiente prevenção da saúde.
Dessa forma, tanto os empregadores como os trabalhadores deverão cumprir seus deveres.  Os empregadores devem colocar à disposição do trabalhador a proteção respiratória individual qualificada, assim como o treinamento no uso dos aparelhos, manutenção e limpeza. Compete aos trabalhadores a utilização dos produtos disponíveis, manuseio adequado do aparelho e seu armazenamento.
Fonte: toolsystem
As máscaras clássicas com campo visual recortado, com filtro, são projetadas especialmente para períodos curtos de pulverização. Através da combinação de dois tipos de filtro  -  o de carvão ativo e o de partículas, acoplados diretamente à máscara, o ar insalubre do ambiente é aspirado, filtrado e somente depois transformado em ar respirável para o usuário.
Qual a sequência de medidas de prevenção à exposição ao isocianato?
1.      Avaliar os riscos: Identificar o perigo e sua extensão e aquele que, sendo potencialmente causador de doenças respiratórias alérgicas, é utilizado ou produzido pela atividade desenvolvida no local de trabalho. Determinar quem pode ser afetado e de que forma. 
2.      Eliminar ou substituir: A melhor opção seria evitar a utilização e a exposição a estes agentes, substituindo-os por substâncias menos perigosas. Os agentes sensibilizantes podem causar irritação alérgica em concentrações inferiores aos valores-limites de exposição ocupacionais convencionalmente estipulados. Mesmo uma fraca exposição a agentes sensibilizantes no local de trabalho pode dar origem a sintomas respiratórios alérgicos em trabalhadores que já têm problemas de sensibilidade aos agentes químicos.
3.      Prevenir a exposição: Se a substituição não for possível, como no manuseio do isocianato, dever-se-á diminuir a concentração, a duração e a frequência da exposição, bem como o número de trabalhadores expostos. Decidir se as medidas existentes são adequadas ou se deverão ser tomadas medidas adicionais.
Quais as providências para proteger o trabalhador do perigo de contaminação por isocianatos?
Ante a impossibilidade de poder eliminar ou substituir o “isocianato” no ambiente de trabalho, deve-se elaborar um plano de proteção respiratória, que consiste em:
  • Gerir as emissões na origem. Incluir a prevenção sistemática de aerossóis, depósitos (embalagens) e de superfícies expostas:
  • Modificar o processo de trabalho. Evitar processos de trabalho com produção excessiva de aerossóis ou vapores.
  • Se possível, utilizar sistemas fechados de enchimento e transferência.
  • Controlar as emissões por meio de encapsulamento, ventilação, exaustores de fumos e outras medidas eficazes, utilizadas no local de trabalho.
  • Elaborar um plano de manutenção e limpeza com indicação da periodicidade, dos métodos e do equipamento de limpeza. Utilizar processos com aspiradores.
  • Usar equipamento de proteção individual (EPI) das vias respiratórias, além de outras medidas de controle aplicáveis, se a exposição não puder ser prevenida de outro modo e sempre em conformidade com as normas.
  • Selecionar equipamento preventivo mais adequado a cada tarefa ou tipo de exposição profissional. Verificar as orientações do fabricante para assegurar que é selecionado o equipamento apropriado.
  • Cada equipamento de proteção das vias respiratórias deverá ser usado por um trabalhador apenas e nunca partilhado.
  • Em situação normal de uso, o equipamento deverá ser mantido em boas condições, limpo após cada utilização, substituídos os filtros quando necessário e verificar o material para determinar a existência de danos de origem técnica ou outra.
  • Estabelecer procedimentos por escrito relativos à regularidade com que a limpeza, desinfecção, armazenagem, inspeção, reparação, eliminação e manutenção dos equipamentos de proteção individual deverão ser realizadas.
Que normas estão relacionadas à contaminação do ar no local de trabalho?
A Norma Regulamentadora número 9 (NR-9) estabelece a obrigatoriedade da PPRA, e especificamente a 9.1.5.2 refere-se aos agentes químicos. A NR-15 regula as atividades ou operações insalubres e a NR-25 os resíduos gasosos que devem ser eliminados dos locais de trabalho.
Veja mais sobre este assunto:
Produção Nacional de PUR (Poliuretano)
Hidroxietil Celulose Enxertada com Poliéteres.
Normas Regulamentadoras 9, 15 e 25

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