Daniel Francisco Roberto - Psicólogo CRP 08/08131-5
*Texto publicado na Revista Contato - Ano XXIII, n 115 - Conselho Regional de Psicologia do Paraná.


A Psicologia se apropria de aspectos peculiares do comportamento humano: atenção, percepção, cognição, afetividade, emoção, pensamento, linguagem, etc. Estuda processos mentais e fenômenos psicossociais, entre outros. No entanto, encontramos outros profissionais utilizando-se destes temas e, muitos deles, com merecido respeito à seriedade com que os tratam. Alguns o fazem por não encontrar quem atenda sua necessidade contextualizada à natureza de sua atividade. Um exemplo disso, é a carência vista entre os profissionais que trabalham com a prevenção dos acidentes de trabalho. O desenvolvimento tecnológico de métodos preventivos revela uma lacuna entre a interação deste enriquecimento e o lado humano do trabalho.

É hora de resgatar e mostrar, com a profundidade que nos cabe, a nossa contribuição para outros contextos do mundo do trabalho, como este. Profundidade que se pode alcançar ao tratar a Psicologia de Segurança sobre os seguintes enfoques: teórico, diagnóstico e de intervenção.
No âmbito teórico, a contribuição se dá pela construção de modelos de compreensão utilizados, por exemplo, para explicar e prognosticar condutas seguras e inseguras. Este modelo é como uma representação da realidade observada.

O diagnóstico, se encarrega de traçar procedimentos operacionais que possibilitem análises de um determinado contexto.

Certamente, um diagnóstico bem realizado, será diretamente proporcional à melhor avaliação da possibilidade de intervenção e escolha de um plano de ação mais adequado.

A intervenção invoca uma atenção especial. Os seguidores das Ciências Humanas devem estar atentos ao encadeamento destes três âmbitos propostos, respeitando sua inter-relação determinante para a escolha de técnicas adequadas que levam ao sucesso de uma intervenção.
A prática que vemos hoje nas empresas, retrata o avanço tecnológico alcançado pelos equipamentos de prevenção. Isto se deve ao trabalho de engenheiros e técnicos de segurança. Contudo, o avanço destes equipamentos em termos de conforto e eficácia de proteção, muitas vezes desconsidera a pessoa envolvida. Resgatando os aspectos no início mencionados e classicamente estudados pela Psicologia, podemos concluir que todo este avanço pode ter resultados irrelevantes ao se tentar reduzir os índices de acidentes. As variáveis que compreendem o comportamento humano devem ser estudadas e valorizadas para que este sucesso seja alcançado. Para isso, a aproximação do trabalho interdisciplinar com aqueles que já dominam esta área, agregando a sistemática de pesquisa diagnóstica e intervenção, pode representar uma das formas de se atingir e propiciar a segurança do trabalhador.

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