O que é berílio e quais os riscos de exposição?
É um elemento alcalino-terroso, bivalente, tóxico, de coloração cinza, duro, leve, quebradiço e sólido na temperatura ambiente. É um metal pesado e raro em estado natural, obtido através da mineração. Os principais riscos de exposição ao berílio ocorrem na produção (mineração e fundição) e em seu uso industrial, tais como fabricação de lâmpadas fluorescentes, indústrias eletroeletrônicas, indústrias aeronáuticas, na manufatura de produtos de berílio e em trabalho de soldagens. A principal via de absorção é a respiratória.
 
 
Em quais indústrias podemos encontrar o berílio?
Na mineração em que há a extração, trituração e tratamento de berílio; fabricação de compostos e ligas de berílio; fabricação de tubos fluorescentes e de ampolas de raios-x, fabricação de queimadores e moderadores de reatores nucleares; fabricação de vidros e porcelanas para isolantes térmicos; utilização do berílio na indústria aeroespacial. É principalmente empregado para aumentar a resistência de ligas metálicas (especialmente a de cobre). É também usado para produzir diversos instrumentos (giroscópios), dispositivos (molas de relógios), e reatores nucleares.
 
O que pode causar o contato com o berílio nos trabalhadores?
O berílio é altamente tóxico: o envenenamento agudo por inspiração de seus sais produz calafrios, febre, tosse dolorosa e acúmulo de fluidos nos pulmões, podendo levar à morte. A inalação de compostos insolúveis pode levar à beriliose, quando os pulmões são lesados (formam-se granulomas). Esta doença é também conhecida como granulomatose pulmonar crônica, e seus sintomas às vezes aparecem somente 15 anos após a exposição a certos compostos de berílio, como aqueles usados no revestimento interno de lâmpadas fluorescentes.
A toxicidade do composto de berílio, cujo símbolo químico é o “Be”, deve-se provavelmente a sua capacidade de deslocar o magnésio (Mg) em enzimas que o contêm. Por estas razões, garimpeiros e lapidadores de água-marinha, berílio e esmeralda devem tomar precauções especiais.
 
Quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico?
Em alguns trabalhadores, a beriliose surge de repente (beriliose aguda), principalmente sob a forma de uma inflamação do tecido pulmonar (pneumonite). As pessoas com beriliose aguda têm acessos repentinos de tosse, dificuldade em respirar e perda de peso. A beriliose aguda pode também afetar a pele e os olhos. Outros indivíduos sofrem de beriliose crônica, caracterizada pela formação de um tecido anormal nos pulmões e pelo aumento de volume dos gânglios linfáticos. Nestas pessoas, a tosse, a dificuldade respiratória e a perda de peso desenvolvem-se de forma gradual. O diagnóstico baseia-se na história pessoal de exposição ao berílio, nos sintomas e nas alterações características que podem ser observadas na radiografia do tórax. No entanto, as radiografias de beriliose podem ser semelhantes às de outra doença pulmonar, a sarcoidose, portanto são necessários exames imunológicos complementares.
 
Como se manifesta a forma aguda da beriliose e o que pode ocorrer?
Manifesta-se com irritação do nariz e garganta, traquéia, brônquios, pulmões e anexos. Podem ocorrer ulceração e perfuração do septo nasal, tosse seca e irritativa, dor retroesternal e pneumonia. A febre aparece nas infecções secundárias. Ao exame as extremidades dos dedos apresentam-se de coloração arroxeadas, batimentos cardíacos acelerados, respiração rápida, e crepitações ( sons) em bases pulmonares.
 
Quais os sintomas que apresentam na forma crônica da beriliose?
Caracteriza-se por acometimento pulmonar. Os sintomas mais evidentes são: falta de ar progressivo aos esforços, dor toráxica, tosse pouco produtiva, fadiga, perda de peso, dor nas articulações, adenopatias (doença glandular e ganglionar), lesões da pele e aumento do fígado.
 
Quais são os critérios internacionais dos diagnósticos?
Constituem critérios, segundo o Berylium Case Registry (casos registrados de Beríliose) dos Estados Unidos :
  • Exposição estabelecida com base na história ocupacional, levantamentos ambientais e outras evidências;
  • Evidência de doença do trato respiratório inferior ou curso clínico consistente com beriliose;
  • Evidência radiológica de doença fibronodular intersticial no pulmão;
  • Alterações pulmonares ou em linfonodos consistentes com beriliose;
  • Alterações da função pulmonar: restrição e obstrução;
  • Demonstração de presença de berílio em amostras biológicas (pulmão, linfonodos, urina).
 
Como é feito o tratamento e o que pode ocorrer se o caso for mais grave?
A beriliose aguda pode ser grave ou mesmo fatal. Entretanto, a maioria dos indivíduos recupera-se, apesar de, no início, eles estarem gravemente doentes. Os pulmões perdem a elasticidade e a função pulmonar é ruim. O tratamento adequado é feito com a instituição de ventilação assistida e o uso de corticosteróides. Os indivíduos se recuperam em sete ou dez dias, não apresentando efeitos residuais. No entanto, se os pulmões apresentarem um dano muito grave, decorrente da beriliose crônica, o coração pode ter sido sobrecarregado e, consequentemente, pode ocorrer insuficiência cardíaca e morte. Algumas vezes, corticosteróides, como a prednisona oral, são prescritos no tratamento da beriliose crônica, apesar de, na maioria das vezes, eles não serem muito úteis.
 
O que é bissinose?
A bissinose é um estreitamento das vias aéreas provocado pela inalação de partículas de algodão, linho ou cânhamo. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, a bissinose ocorre quase exclusivamente em indivíduos que trabalham com algodão não-processado, embora indivíduos que trabalham com linho e cânhamo também possam apresentá-la.
 
Quais são os trabalhadores mais afetados?
Os mais afetados são os trabalhadores cuja ocupação é abrir fardos de algodão cru ou aqueles que trabalham nos primeiros estágios do processamento do algodão. Aparentemente, algo presente no algodão cru provoca o estreitamento das vias aéreas em indivíduos suscetíveis.
 
Quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico?
A bissinose pode causar sibilos (chiados no peito) e opressão no peito, geralmente no primeiro dia de trabalho após uma folga. Ao contrário do que ocorre na asma, os sintomas tendem a diminuir após exposições repetidas, e a opressão toráxica pode desaparecer no final da semana de trabalho. Entretanto, após um indivíduo ter trabalhado com algodão durante muitos anos, a opressão toráxica pode persistir por dois ou três dias de trabalho ou mesmo por toda a semana. A exposição prolongada à poeira do algodão aumenta a frequência dos sibilos, mas não evolui para uma doença pulmonar incapacitante permanente. O diagnóstico é estabelecido por meio de um teste que revela a redução da capacidade pulmonar ao longo de um dia de trabalho. Normalmente, essa redução é maior no primeiro dia de trabalho.
 
Que exames normalmente são feitos para diagnosticar a bissinose?
  • Raios-X do tórax;
  • Testes de função pulmonar;
  • Gasometria do sangue arterial.
 
Como é feito o tratamento?
Os sibilos e a opressão toráxica podem ser tratados com as mesmas drogas utilizadas no tratamento da asma. As drogas que promovem a abertura das vias aéreas (broncodilatadoras) podem ser administradas com o auxílio de um inalador (por exemplo, o albuterol) ou sob a forma de comprimido (por exemplo, a teofilina).
 
Qual a melhor forma de prevenção para bissinose e beriliose?
 A prevenção advinda de poeiras orgânicas baseia-se nos procedimentos de vigilância dos ambientes, das condições de trabalho e dos efeitos ou danos para a saúde. O controle de exposição da bissinose e beriliose pode contribuir para a redução da incidência da doença nos grupos ocupacionais sob risco. As medidas de controle ambiental visam à eliminação ou a redução da exposição a níveis considerados seguros por meio através de:
  • Enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho;
  • Umidificação dos processos onde haja produção de poeira;
  • Uso de sistemas hermeticamente fechados na indústria;
  • Adoção de normas de higiene e segurança rigorosas com utilização de sistemas de ventilação exaustora adequados e eficientes;
  • Monitoramento ambiental sistemático;
  • Mudanças na organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhadores expostos e o tempo de exposição;
  • Medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho e facilidades para higiene pessoal, recursos para banhos, lavagem das mãos, braços, rosto e troca de vestiário;
  • Uso de equipamentos de proteção individual através de máscaras protetoras respiratórias e outros.

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