Como trabalham os profissionais que atuam com emergências?
Os profissionais de emergência têm que estar a postos para qualquer ocorrência, não interessa onde, nem quando, nem como. Já foram considerados heróis pelas pessoas, o que valoriza e proporciona status, mas chega a ultrapassar os limites da compreensão quando: exige demais do profissional, torna-se um risco de vida ou uma pressão psicológica, afetando a saúde mental e fazendo com que os mesmos sejam levados ao esgotamento profissional.
 
Quem são estes profissionais?
O profissional de emergência é aquele que socorre as pessoas em situações críticas, em catástrofes e no risco de vida, pois se ele não tomar uma medida imediata, rápida, eficiente, as pessoas sofrem mais com os acidentes ou morrem. São os policiais, bombeiros, profissionais de resgate, defesas civil e atuantes na área de saúde e segurança do trabalho das empresas e indústrias.
 
Quais os aspectos importantes para a saúde e bem estar destes profissionais?
É muito importante que estes profissionais que trabalham com emergências deixem de lado as questões culturais que não os permitem dialogar e expressar sentimentos, abrindo espaço para os aspectos emocionais e psicológicos, muitas vezes, prejudicados pelas características do trabalho de emergência. Através desta nova visão, os profissionais vêm trabalhando a autoestima, a segurança e a confiabilidade, o que reflete numa melhoria da qualidade de vida com a família e diretamente no trabalho.
 
Porque é necessário o gerenciamento do estresse para estes profissionais?
Para as pessoas que estão vivendo uma situação de emergência, não importa se quem está prestando ajuda e praticando ações para garantia da segurança está bem ou não. Querem e precisam ser socorridas. E os profissionais envolvidos nas ações de emergência têm que atuar corretamente, controlando seus medos e angustias.
 
De onde vem este estresse?
O estresse que acontece nas situações de emergência é um resquício, da época das cavernas, exatamente procurando manter o corpo vivo, estando relacionado com a sobrevivência. Quando o corpo percebe um sinal de perigo, seja ele verdadeiro ou não, ele se prepara para lutar ou para fugir. Quando a resposta natural para as pessoas é fugir, para estes profissionais tem que buscar soluções corretas, rápidas e transmitir segurança aos demais. Então, o profissional de emergência, em primeiro lugar, já começa a agredir o próprio organismo, agindo contra o instinto natural. É aí que começa um desgaste muito maior, além do desgaste natural do corpo que se prepara para o estresse numa situação crítica que exige a fuga. E ele precisa aprender a gerenciar tudo isto.
 
De que forma o profissional que atua em emergência pode gerenciar tudo isto?
Ele tem que primeiro entender que isto é um trabalho importante, necessário e que ele precisa lidar com isto como natural. Quer dizer, podem ser atendidas várias ocorrências no mesmo dia e o seu corpo e mente precisa estar preparado todas às vezes para isto.
Uma das soluções para melhor gerenciar tudo isto é saber que este profissional está ali para isto – atendimento em emergências. Precisa encarar a triangulação entre: do lado esquerdo o aspecto intelectual (cognitivo) – que é resultante do treinamento técnico recebido para atuar naquela função; do lado direito, a parte física. Na base deste triangulo está o aspecto emocional e em seu centro a espiritualidade.
Fazer uso de ferramentas que possibilitem a sua atuação, sabendo estar preparado para os fatos e acontecimentos emergenciais existentes e que precisam ser tratados com competência e agilidade – mesmo que ocorra uma dificuldade em lidar com aquela ocorrência – é processo natural do ser humano e que deve ser compartilhada com outros membros da equipe.
 
O que as equipes responsáveis por saúde e segurança no trabalho podem fazer para diminuir ou prevenir o estresse ocupacional?
As equipes responsáveis por cuidar da saúde e segurança no trabalho podem conduzir programas de manejo de estresse ocupacional, voltados para tornar o ambiente de trabalho mais saudável e também para fortalecer as habilidades pessoais dos trabalhadores para lidarem com o estresse no trabalho e fora do trabalho.
O caminho a ser seguido pela equipe de saúde e segurança no trabalho é:
  • Identificar os estressores presentes no ambiente de trabalho e as necessidades a serem cuidadas no programa de manejo de estresse.
  • Delinear os objetivos do programa de manejo de estresse: que competências construírem? Que problemas minimizar? Que recursos disponibilizar para o trabalhador?
  • Planejar quem receberá o programa: os trabalhadores? Suas chefias imediatas? Por qual setor começar?
  • Planejar meios de avaliar se o programa irá alcançar os seus objetivos previstos.
  • Planejar o conteúdo, atividades e procedimentos do programa. Por exemplo, será dado treinamento para as chefias para fortalecer habilidades para dar e receber feedback? Os trabalhadores serão ensinados a alongar os músculos e relaxar? Qual a carga horária das atividades previstas? Qual a periodicidade? Por quanto tempo será conduzida esta atividade?
  • Implementar o programa e acompanhar sua implementação. Os participantes do programa estão usando as ferramentas ensinadas? Estão gostando do programa? Estão frequentando as atividades? Que percentagem do público-alvo foi de fato atingida pelo programa?
  • Avaliar as mudanças trazidas pelo programa ao longo do tempo. Por exemplo: o número de acidentes caiu? As licenças para tratamento de saúde caíram? As faltas ao trabalho diminuíram? O clima organizacional está melhor? As indenizações por acidentes ou doenças ocupacionais diminuíram?
Como é possível trabalhar a parte física, emocional e técnica de um profissional sujeito ao estresse?
Hoje, se gasta muito no ambiente de trabalho, tentando encontrar maneiras de controlar o estresse, quer seja através de medicamentos, quer através de terapia, e ainda, com práticas saudáveis de exercícios físicos no ambiente de trabalho (ginástica laboral) ou fora dele (academias, práticas de caminhadas ou personal training, entre outras).
Quando enfrentamos situações de estresse, ocorre uma descarga de adrenalina e outros hormônios muito fortes que vão deixando o corpo cada vez mais tenso. Quando chega o final do dia ou da semana, durante o qual se enfrentou vários problemas sérios, o corpo está dolorido, mas através da prática adequada de atividades físicas pode melhorar tudo – o corpo relaxa. Se o profissional fizer um alongamento e uma boa respiração toda essa musculatura se solta e a energia começa a fluir mais facilmente. Com isto, consegue dormir melhor, se alimentar melhor e pensar melhor. Essa é a importância da atividade física, além do que, vai aumentando a sua própria resistência em relação ao estresse.
 
O que o trabalhador pode fazer para diminuir ou prevenir o estresse nas emergências?
O trabalhador pode:
  • Buscar apoio no trabalho para negociar o que pode ser feito com os estressores do trabalho, como sobrecarga e falta de treinamento.
  • Usar os recursos de manejo de estresse disponíveis no trabalho, como participar de programas de saúde mental, prática esportiva, ginástica laboral ou alongamentos.
  • Manter um estilo de vida favorável à saúde, como uma alimentação saudável, fazer atividade física regular, não fumar, não se exceder no consumo do álcool e dormir o suficiente.
  • Aprender a valorizar os diferentes lados da vida, incluindo o trabalho como uma das dimensões da vida.
  • Controlar o estresse gerado pelo pensamento, como questionar as tempestades em copo d’água (deixar de tirar conclusões precipitadas, examinar todos os aspectos positivos e negativos de si ou de uma situação, ser menos autoexigente e perfeccionista, dentre outros).
  • Desenvolver a assertividade ou habilidade em expressar sentimentos, pensamentos e opiniões com sinceridade e tato, sem se desrespeitar e sem desrespeitar ao outro. Sendo assertivo, o trabalhador poderá aprender a dizer não, discordar e se defender sem ser violento e sem gerar conflitos no trabalho ou em outros relacionamentos.
  • Aprender a manejar o tempo: não querer fazer tudo hoje (doença da pressa) e também evitar deixar tudo para depois (procrastinação). Eleger prioridades, buscar ajuda, delegar tarefas, recusar pedidos abusivos, lidar com sobrecargas, planejar a agenda e monitorar as conquistas são alguns dos meios para lidar melhor com o tempo.
  • Praticar algum método de relaxamento, como meditação ou yoga.
  • Cultivar amizades e relações de apoio.
  • Buscar formas de alívio do estresse que não gerem efeitos colaterais, como evitar comer em excesso ou comprar sem necessidade.
  • Buscar lazer e desenvolver hobbies.
  • Cultivar a espiritualidade.

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