Os focos de incêndio que têm surgido no lixão do município de Luziânia produzem fumaça tóxica e colocam em risco a saúde de trabalhadores do local. Uma das causas do fogo pode ser a grande concentração de gás liberada pela decomposição das 170 toneladas de lixo despejadas no local diariamente. Apesar dos indícios de que as chamas surjam de forma espontânea, o biólogo Lívio Carneiro adverte que queimar o lixo de propósito para reduzir o volume também é errado.

"O destino correto não é queimar, mas é enterrar, tratar, separar o lixo que pode se aproveitado. Na queimada, esse gás metano que está sendo liberado poderia ser usado muito bem para a produção de mais energia elétrica", orienta Lívio.

As primeiras vítimas dessa fumaça tóxica são os catadores de lixo, que andam e manuseiam os resíduos sem usar máscara ou qualquer equipamento de segurança. Além de inalar a fumaça, eles convivem com materiais que não foram devidamente descartados e com o chorume - líquido originado da decomposição do lixo.

O lixão está a dez quilômetros da cidade e é rodeado por várias fazendas. Segundo o biólogo, o solo do local está contaminado. "Um problema para a população que vive aqui ao redor que precisa da água desse lençol freático para agricultura, consumo próprio, animais. Com certeza, essa água aqui está sofrendo um problema sério com esse chorume que está sendo jogado no lençol freático", afirma.

Coleta seletiva

Para o presidente da Cooperativa dos Catadores de Papel, Valdiney Costa, uma das alternativas para minimizar danos aos trabalhadores e ao meio ambiente seria a coleta seletiva do lixo. "Nós estamos querendo que o pessoal venha nos ajudar a acabar de montar essa cooperativa, essa associação, que dizem que está para sair e nunca sai".

Precariedade

A situação precária do lixão foi mostrada pelo Fantástico em 2011. Na época, seringas, equipamentos utilizados pelo Instituto Médico Legal (IML) do município e até ossadas humanas foram encontradas. Depois que a matéria foi ao ar, o lixo hospitalar passou a ser recolhido por uma empresa. Na ocasião, a Secretaria de Meio Ambiente havia informado que até abril deste ano o problema já estaria solucionado, mas isto ainda não aconteceu.

Segundo o diretor de Meio Ambiente de Luziânia, R$ 1,5 milhão já foi aplicado no lixão, mas, por enquanto, os resultados foram insuficientes. "Nós já gastamos ou investimos, os poderes federal e municipal, R$ 1,5 milhão, mas precisa de muito mais para operar adequadamente e fazer técnicas de engenharias adequadas para que não aconteçam esses problemas. É preciso de técnicos, capital financeiro e capital humano", argumenta.

Enquanto as medidas não são colocadas em prática, quem tem fazenda próxima ao lixão, está com medo. "A gente está praticamente se humilhando para o nosso poder público correr atrás e resolver isso aqui, porque eu sei que tem solução. Eu sei que tem solução", enfatiza o fazendeiro Clauder Cardoso. "É só querer, mas parece que aqui, em vez de tapar o sol com a peneira, estão é tapando o sol com a fumaça", critica Clauder.

O diretor de meio ambiente disse ainda que uma licitação de forma emergencial será feita para o tratamento provisório do lixão, mas por enquanto, ainda não há uma data para que isso aconteça.
Fonte: G1

Artigos Populares

;