A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), preocupada em esclarecer os brasileiros sobre os acontecimentos envolvendo usinas nucleares no Japão, está disponibilizando em seu site informações atualizadas sobre os acidentes ocorridos naquele país. Profissionais brasileiros com conhecimentos especializados em reatores nucleares estão acompanhando a evolução dos fatos através de informações técnicas recebidas de autoridades japonesas e da Agência Internacional de Energia Atômica. Esses dados estão sendo analisados e disponibilizados em linguagem simplificada para melhor entendimento do público em geral.
1- O Japão possui 54 reatores nucleares de potência.
2- Quando do terremoto de 11/03/2011, estavam em operação na área atingida 20 reatores nucleares. Destes, nove continuaram operando e onze foram desligados automaticamente pelos dispositivos de segurança devido à perda de energia elétrica externa (queda de força) e os sistemas de refrigeração continuaram a funcionar com geradores movidos a diesel.
3- Na maioria dessas onze usinas, com o uso dos geradores a diesel e, posteriormente com o retorno da energia elétrica externa, foi possível levar esses reatores à condição segura de desligado a frio, com temperaturas em torno de 50 graus centigrados.
4- Quanto aos seis reatores da Central de Fukushima Daiichi (Fukushima I), três estavam em operação (reatores 1, 2 e 3) e três estavam desligados para troca dos combustíveis (reatores 4, 5 e 6)
5- Nessa central nuclear, quando da queda da energia externa em conseqüência do terremoto, os geradores movidos a diesel entraram em operação assegurando o suprimento de energia elétrica para os sistemas de refrigeração do núcleo do reator. Entretanto, após aproximadamente uma hora de funcionamento, esses geradores deixaram de atuar devido à ação do tsunami que se seguiu ao terremoto.
6- Os operadores vêm tentando diversas alternativas para manter a refrigeração do núcleo dos reatores que estavam em operação (reatores 1, 2 e 3), porém sem sucesso.
7- Pelas informações recebidas na data de hoje, o nível de água de refrigeração nos reatores 1, 2 e 3 baixou a níveis inferiores ao topo dos elementos combustíveis. Desse modo, a parte superior das varetas metálicas que compõem os elementos combustíveis e contém as pastilhas de óxido de urânio ficou exposta, isto é fora da água. Em razão, não pode ser descartada a possibilidade de deterioração dessas varetas, resultando na liberação de materiais radioativos dentro do vaso de pressão e da contenção do reator.
8- O aumento dos níveis de radiação nas áreas próximas das usinas é um forte indício de que varetas tenham se deteriorado.
9- Devido a dificuldades na refrigeração nos reatores que estavam desligados (reatores 4, 5 e 6), há a probabilidade de ocorrer nesses reatores problemas semelhantes aqueles dos reatores 1, 2 e 3, inclusive nas piscinas onde estão estocados os combustíveis usados (“spent fuels”).
10- Pelas informações fornecidas pelas autoridades japonesas e pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a situação dos seis reatores de Fukushima Daiichi é a seguinte:
- Reator 1: Embora esteja sendo injetada água do mar com boro no vaso do reator, cerca de dois metros dos elementos combustíveis estão fora da água. Há indícios de degradação das varetas combustíveis e não é possível descartar a existência de falhas na contenção.
- Reator 2: Embora esteja sendo injetada água no vaso do reator, cerca de 1,5 metro dos elementos combustíveis estão fora da água. Há indícios de degradação das varetas combustíveis e não é possível descartar a existência de falhas na contenção.
- Reator 3: Embora esteja sendo injetada água do mar com boro no vaso do reator, cerca de dois metros dos elementos combustíveis estão fora da água. Há indícios de degradação das varetas combustíveis e não é possível descartar a existência de falhas na contenção.
- Reator 4: O reator estava desligado quando do terremoto, o núcleo estava descarregado e os elementos combustíveis haviam sido removidos para a piscina de armazenamento de combustíveis irradiados ou usados. Ocorreu um incêndio no edifício que contem essa piscina, seguido de explosão. A temperatura da água dessa piscina está se mantendo estável, porém acima dos valores normais
- Reator 5: O reator estava desligado quando do terremoto, porém com o núcleo carregado com os elementos combustíveis. O nível do reator está 40 centímetros abaixo do normal, mas dentro do intervalo de segurança. A água do reator apresenta valores normais.
- Reator 6: O reator estava desligado quando do terremoto, o núcleo estava descarregado e os elementos combustíveis haviam sido removidos para a piscina de armazenamento de combustíveis irradiados ou usados. A temperatura da água dessa piscina apresenta valores normais
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