E muito importante que façamos treinamentos com novos empregados e ensinar a respeito dos riscos envolvidos em sua atividade diária. E melhorar o meio ambiente de trabalho criando condições para que os acidentes não aconteçam. Veja a seguinte analise: 


Distribuição dos Acidentados Segundo o Tempo de Serviço na Função

A Tabela 3 apresenta o tempo de serviço das vítimas de acidentes fatais nas empresas. Percebe-se que cerca de 31% dos trabalhadores se acidentam nos primeiros 60 dias na função, e que esta percentagem sobe para praticamente 50% até o sexto mês. As mortes ocorridas no segundo semestre na função (27 casos, aproximadamente 12% da amostra) têm o mesmo percentual das ocorridas no segundo ano, ocorrendo um decréscimo progressivo dos casos fatais quanto maior for o tempo de serviço do trabalhador naquela função.

 
Com base nesses dados, poder-se-ia imputar a ocorrência do acidente fatal à inexperiência do trabalhador na função. No entanto, deve ser considerado que o trabalhador deve ser informado sobre os riscos ocupacionais e as medidas de prevenção. E, acima de tudo, antes mesmo da contratação do trabalhador “para conviver com os riscos”, as empresas devem procurar eliminá-los, mediante a implementação de políticas e sistemas de gestão preventivos.


Considerando-se que no SFIT não se registra o perfil de tempo na função da totalidade de trabalhadores em cada um dos estabelecimentos em que o acidente ocorreu, torna-se impraticável uma comparação; assim, não se pode afastar a possibilidade de que o conjunto dos trabalhadores sob o risco de se acidentar nos estabelecimentos também tenha pouco tempo na função, e não apenas os acidentados. Como exemplo, citamos o setor econômico da construção civil, cujas obras geralmente têm curta duração, com alta rotatividade de mão-de-obra e elevada taxa de mortalidade por acidente do trabalho.


Para evitar os óbitos em trabalhadores com pouco tempo de serviço na função, devem ser traçadas estratégias de prevenção com ênfase na melhoria dos ambientes e processos, buscando torná-los intrinsecamente seguros. As “armadilhas” existentes, independentemente do conhecimento prévio dos riscos pelos trabalhadores, deveriam ser eliminadas antes do início das atividades. Tais medidas de prevenção são particularmente importantes quando envolvem máquinas perigosas, equipamentos defeituosos, processos com substâncias tóxicas, espaços confinados, risco de queda de altura, choque elétrico, entre outros.



Além disso, o tempo de serviço na função é um indicador do grau de experiência profissional. O trabalhador recém-contratado para exercer determinada função na empresa é inexperiente por vários motivos: ele não está habituado com o processo ou com as variáveis pertinentes à organização do trabalho19 nem com o sistema de gestão de riscos; ainda não tem vivência das tarefas impostas; desconhece os colegas para partilhar atividades comuns e também os meandros dos locais de trabalho e os planos de contingência para situações de emergência; ignora o sistema de manutenção de máquinas e equipamentos e sua eficácia; ainda não experimentou as mudanças súbitas que podem ocorrer a qualquer momento nos processos operacionais.


Ainda que o trabalhador tenha acumulado muita experiência em funções semelhantes anteriormente desempenhadas, cada novo processo laboral ou cada novo local de trabalho é singular, único nas suas particularidades. As razões acima explicitam fatores que contribuem para o elevado número de óbitos atribuíveis à inexperiência no decurso dos primeiros tempos após o ingresso na empresa. Imputar a causa do acidente à inexperiência do trabalhador é uma abordagem reducionista que não privilegia a multiplicidade de fatores causais usualmente envolvidos na gênese dos acidentes fatais.

Fonte: ANÁLISES DE ACIDENTES DO TRABALHO FATAIS NO RIO GRANDE DO SUL P.36

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