O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea-RJ) informou, na manhã desta terça-feira (3), que não tinha informações sobre a obra realizada no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, e que desmoronou na segunda-feira (2). O acidente causou a morte de uma pessoa e deixou outra ferida.

"Na realidade basta ligar para o Crea, que a gente tem nos nossos arquivos as obras que estão legalizadas (...), que tem um profissional responsável e imediatamente a gente manda fiscalização lá. A fiscalização esteve ontem no local e não encontrou responsável e ainda não encontramos no nosso sistema a anotação de responsabilidade técnica da obra", disse em entrevista do Bom Dia Rio, Luís Antônio Cosenza, da Comissão de Análises de Acidentes do Crea-RJ. Ainda de acordo com Cosenza, qualquer pessoa pode denunciar uma obra suspeita.
"Liga para o Crea no 2179-2000 e faça a denúncia. Pode ser anônima. A fiscalização imediatamente vai ao local e caso esteja com alguma irregularidade, o proprietário é autuado imediatamente e ele recebe uma notificação", explicou o representante.
Engenheiro foi indiciado


A obra que desabou fica na Rua Joaquim da Silveira, 379. Segundo a delegada-adjunta da 42ª DP (Recreio), Fátima Bastos, que investiga o caso, o responsável pela obra é engenheiro, mas não apresentou nenhuma licença para a obra e nem o chamado livro de Equipamento de Proteção Individual (EPI).
 

Ele foi indiciado, segundo ela, pelo crime "desmoronamento na forma qualificada pelo resultado morte". O crime é correspondente ao homicídio culposo, com pena de 1 a 3 anos de prisão, podendo ser aumentada em um terço por representar perigo coletivo. Em depoimento, segundo a delegada, o engenheiro afirmou que a obra era financiada por ele próprio e outras dez pessoas.

Vítimas
O operário morto é Antônio Otaviano Correa dos Santos, 39 anos. Ele morava com a mulher e uma filha na comunidade Beira-Mar, também no Recreio dos Bandeirantes. Já o ferido foi levado para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra. Até as 20h de segunda, não havia identificação do ferido. 
Sem carteira assinada
No local, não havia placa indicando o responsável pela construção, ainda em fase inicial. Segundo os operários, seria construído um prédio no terreno, de cerca de 2 mil metros quadrados. Júlio Marques das Neves, 41 anos, um dos trabalhadores, informou que todos trabalhavam sem carteira assinada e sem proteção. "Não tínhamos capacete nem segurança", disse Júlio, acrescentando que recebia diária de R$ 50.
Lindomar Jesus dos Santos, 36 anos, trabalha como zelador no prédio em frente à obra e disse que ainda tentou ajudar as vítimas. "O senhor que sobreviveu pedia socorro. O outro estava muito ferido. Era muita areia, muito peso em cima deles", contou Lindomar.
Segundo a Secretaria municipal de Saúde e Defesa Civil, a obra onde houve o soterramento e a área de serviço de uma casa vizinha, onde funciona uma escola de dança, foram interditadas.
Susto no Centro
Nesta tarde, técnicos da Defesa Civil vistoriaram prédios nas proximidades da Rua Senador Dantas, no Centro do Rio de Janeiro, após notícias de um suposto tremor. Segundo o órgão, algumas pessoas ligaram reclamando de uma trepidação no edifício, mas a vistoria não apontou nenhum risco.
A Defesa Civil municipal informou ainda que, assustadas, as pessoas deixaram o prédio antes da chegada dos técnicos.
Fonte: G1 RJ

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