A Política Nacional de Saúde e Segurança do Trabalho, promulgada em 7 de novembro do ano passado pela presidente Dilma Rousseff, ampliou o conceito de SST no país, que agora passa a ser vista para além da questão preventiva. Essa foi a principal transformação que a área sofreu no Brasil, introduzindo o componente de fato portador do futuro no conceito de SST. A avaliação é do médico especialista em saúde pública e medicina do trabalho, René Mendes, ao dissecar a nova política durante a realização da 3ª Jornada SESI de Medicina e Segurança do Trabalho, realizada na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), nos 31 de maio e 1º de junho. Mendes presidiu até recentemente a Associação Nacional de Medicina do Trabalho e é o organizador e autor principal do tratado "Patologia do Trabalho".

Para ele, o fato portador do futuro implica muitas vezes coisas aparentemente pequenas, mas que respondem por grandes transformações. No caso da Política Nacional de SST, ao ir além da questão da prevenção, o programa avança no sentido de estabelecer SST como promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Isso reflete, aponta, em maior atenção ao trabalhador fora também fora da empresa. Esse enfoque é importante, afirma René Mendes, porque as relações de trabalho hoje, com as modernas tecnologias, não se dão apenas nas empresas, mas em casa, e durante 24 horas por dia. De acordo com o especialista, o novo desenho do trabalho não mais permite que programas de SST sejam formulados apenas pelos médicos, havendo a necessidade de envolvimento de outros atores, como empresas, poder público e trabalhadores.

Além dos atores presentes nesse processo, René Mendes situa os modelos de produção, consumo e o meio ambiente como elementos a serem considerados nesse redesenho proposto pelo Política Nacional de SST. O grande desafio, portanto, diz o professor, é a inclusão de todos os trabalhadores no sistema de promoção e proteção dos trabalhadores. Ele afirma que, para isso, será necessária cada vez uma visão integrada sobre os processos que demarcam o dia a dia do trabalhador, desde os aspectos familiares aos do entorno da empresa que possam interferir diretamente na sua qualidade de vida.

De acordo com o superintendente do SESI/CE, Francisco das Chagas Magalhães, a nova política nacional de SST vai na linha do que a entidade preceitua em relação aos trabalhadores da indústria. Ele lembrou que a instituição incorporou em seus preceitos a importância do que propõe a norma, que considera fundamental para o surgimento de um colaborador mais preparado física e socialmente para o trabalho.

A Jornada SESI de Medicina e Segurança no Trabalho teve como tema central os Novos Cenários da Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho, procurando refletir a preocupação dos profissionais ligados à área com os momentos que descortinam novos comportamentos e as medidas a serem adotadas para se adequarem às atuais transformações.  Para tanto, o encontro contou com programação envolvendo cursos, palestras e mesas-redondas. Além da presença de René Mendes, um dos maiores expoentes da medicina do trabalho no Brasil, conhecidos profissionais atuaram como expositores de temas. Dentro da distribuição da jornada, o primeiro dia foi destinado à realização dos cursos Toxicologia Ocupacional, ministrado por Satoshi Kitamura, e Ruído e Perda Auditiva, com a fonoaudióloga Ana Cláudia Fiorini.

A jornada de SST faz parte das ações do Centro de Estudos do SESI/CE, no qual são discutidos temas relacionados à saúde e à segurança do trabalho no âmbito da instituição.

Fonte: FIEC

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